quinta-feira, 13 de setembro de 2007

O DIA QUE A TERRA PAROU...E NOSSA SENSIBILIDADE TAMBÉM...





Depois de ver os clássicos como "Contatos Imadiatos", "ET" e "Guerra dos Mundos", sinto que minha missão de vasculhar filmes ufológicos se completa nessa obra-maior: "O Dia que a Terra Parou", filme que provoca uma intensa reflexão sobre o tamanho de nossa ignorância frente o cosmo e suas indefinições. Seria importante se esse filme fosse mais divulgado, pois assim a lamentável visão que a sociedade tem da Ufologia séria poderia, através desse material, ser avaliada.

A historia de "O Dia que a Terra Parou" foi publicada originalmente em 1940 com o titulo de "Farawel to the Master", na revista Astounding Science e foi escrita por Harry Bates. Somente 11 anos mais tarde o conto foi filmado, sendo dirigido por Robert Wize e tento com protagonistas: Michael Rennie, Patricia Neal e Hugh Marlowi.

Uma nave alienígena atravessa o espaço sideral trazendo um Ser chamado "Klaatu" e seu Robo "Gort" em uma missão diplomática. Alertar os Humanos dos perigos das bombas atômicas. Assim que sai da nave, ele leva um tiro e vai para um hospital da cidade recuperando-se rapidamente. Ainda no Hospital ele fala com as autoridades americanas, solicitando uma reunião com todos os líderes da Terra. Pedido que não foi aceito. Assim, ele foge do Hospital e se hospeda em uma Pensão Familiar onde conheçe Helem Benson( Patricia Neal ),seu filho Bobby (Billy Gray) e o noivo de Helem, Tom Steens (Hugh Marlowe).

Enquanto isto o Robo "Gort" fica estaticamente na frente da nave.

Em seu convívio com as pessoas da pensão, Klaatu, se liga ao menino Bobby fazendo passeios com ele e conhecendo a cidade. Por indicação de Bobby ele faz contato com o maior cientista e fisico da cidade, o Dr. Barnhadt , a quem solicita uma reunião com os maiores cientistas da Terra. Para provar sua força e determinação ele faz uma demostração de seus poderes - Klaatu desliga por 30 minutos todas as fontes de energias da Terra ( carros, indústrias, elevadores, telefones , enfim nada funciona, a não ser aquelas fontes necessárias para não colocar vidas em perigo como por fim a reunião acontece, mas ele é denunciado por Tom Steens e foge com Helen, porém é morto pelas autoridades do exercito, não antes de ensinar a Helen a ativar Gort caso algo lhe aconteca com a frase "klaatu barada nikto".

Alertado por Helen Benson, o Robô Gort, resgata o corpo de Klaatu levando-o para a nave, onde com máquinas especiais recussita-o por algum tempo. Tempo suficiente para ele dar sua mensagens aos humanos

Klaatu alerta a Terra sobre os perigos da bomba atômica e diz categoricamente que a Federação que representa não irá admitir que elas sejam usadas no espaço. Se isto acontecer a Terra será destruida e em chamas.

Ao assistir, fiquei emocionado pela abertura de possibilidades interpretativas que esse filme nos deixa..uma obrigação para todos os ufológos e interessados num cinema de verdade e sem figurações baratas, aqui você não vê gratuidade e sim filosofia.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

EXPERIMENTAL DO EXPERIMENTAL!!!





Qual sua reação ao ver Jimmy Hendrix num solo infernal, ao lado de Zé do caixão evocando discos voadores e celebrando a boçalidade humana aos ruídos destroçantes e incompreendidos de uma bateria desgorvernada?

Pensei que Documentário fosse o melhor experimental de Sganzerla, por ser o primeiro e tal...que nada!!!Há um bom tempo não tive uma insônia tão deliciosa ao ver Abismu(1977)!!! Confesso que estou com medo de rever...

Sinceramente não existe comentários para esse ataque à mente, quando vi Bandido quase não durmo, ao saciar Copacabana Mon Amour sentia minha cabeça sendo arremessada numa "quina" de azulejo afiado e Abismu é um total mergulho ao caos.

Existe um metacinema radical...por que um filme tem que contar uma história?

Sganzerla expõe sem respeitar (graças a Deus)o espectador suas referências mais íntimas e sua ligação incompreendida com os UFOs, fazendo isso rapidamente em 1968 no clássico Bandido da Luz Vermelha, mas o que mais excita é ver Zé Bonitinho delirar num improviso niilista ao solo de Hendrix e a caótica viagem ao Rio de Janeiro no carro-guia do Abismu.

É muita informação fragmentada, é um louvor ao experimental, com filmes assim é que me dá sede de filmar e dar ênfase ao percurso do autoral, fazendo as conexões que compõe o criador audiovisual sem se preocupar com produto final.

Depois da primeira decepção com Sganzerla ao ver Perigo Negro, me alegro e sofro ao cair nas teias venenosas da anti-teleologia abismal dessa obra maldita nas pedras cortantes da praia carioca. Se renda a esse filme, seja cortado, mutilado, arrasado e deixe cada imagem entrar como cacos de vidro nas suas veias ao som de Hendrix e da invasão alien sganzerliana que está por vir.

É a primeira vez que fico sem condições de dizer o que é um filme, fui atacado, estou sangrando com os tiros que levei de Wilson Grey, as naves de H.G Wells destruíram minha capacidade de expressão, sinto mnhas pernas tremerem...

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

HORROR DO TERCEIRO MUNDO...







Minha primeira experiência com Mojica foi com Maurice Capovilla no ácido filme-espetáculo de dor e tortura circense, "O Profeta da Fome" (1969) com uma atuação comovente e horrenda...mas ao ver de perto uma das primeiras aparições de Zé em "A Meia Noite Levarei Sua Alma" fiquei surpreso com sua presença. Legal ver uma das linguagens do udigrudi em prática efetiva, que é o constante diálogo com o HQ (história em quadrinhos), coisa que Mojica já se influenciava desde pequeno onde no início vemos (o que hoje chamaríamos de "terror pastelão")uma bruxa não muito convincente nos ameaçar de sair da sala por ser um filme muito violento e aterrorizante(coisa de Zé até hoje...rsrsrsrs) e em vez de medo, por estarmos acostumados com tanta desgraça televisiva, o filme se transforma num terrir fora de série, pois nada mais nos assusta com tanto sangue jorrado dos jornais.

Com um roteiro muito arregaçado e sem muitos rodeios, nos deparamos com uma sequêncIa de insanidades de um misterioso assassino que só acredita em uma coisa: NELE.

Mesmo assim, notamos uma fraqueza no seu personagem...não acredita em nada por nunca ter um filho, isso o tornou um homem sádico e adorador do ódio, matando todos aqueles que estão no caminho para aliviar sua frustração e possibilitar uma maior aproximação com o mal.
Considerado um dos primeiros filmes de terror do Brasil, ter contato com essa obra é uma sensação muito prazerosa por identificar não apenas os aspectos do trash brasileiro, mas por entender o porque dos cineastas do dito Cinema Marginal tomar José Mojica Marins, (o eterno e caricatural "Zé do Caixão") como uma das principais fontes de inspiração do nosso submundo cinematográfico brasileiro pouco explorado.

"A Noite Levarei Sua Alma": anúncio do Mal Estar do cinema nacional...

domingo, 2 de setembro de 2007

RIO 40 GRAUS: ENTRE MARAVILHAS E HORRORES DE UMA TERRA INFINITA







Ao ver essa obra me lembrei de uma série de imagens que tenho sobre o Rio geradas pela literatura de Costallat em "Mademoiselle Cinema"(1923), escritor maldito da belle époque que foi injustamente esquecido pela sociedade literária, mas que permanece vivo na minha memória...um RJ limpo e tropicalmente francês, deliciosamente decorado com o malicioso olhar de Rosalina, a melindrosa mais atraente que já existiu, devoradora de homens...Costallat nos mostra as belezas do Rio das elites e sobra pouco espaço para a marginalidade, fortemente visível em "O Cortiço"(1890) de A. Azevedo revelando as dores de um povo sujo e degradado..também meio veio na cabeça o atentado terrorista de Sganzerla em "Copacabana Mon Amour"(1970)sobre a paisagem carioca num delírio arrepiante de Helena Ignez e sua caravana do terror sobre as paisagens que alternava entre a beleza dos corpos nus e o lixo, fuzilando a mente dos mais sensíveis...mas com Nelson Pereira dos Santos (anos 50) vi um RJ mais condensado e sintético, onde ele tenta abordar (de modo caricatural) em seus personagens uma identidade carioca com suas imagens típicas de afirmação cristalizadora: o malandro, o menino de rua, o futebol, o carnaval e outros clichês que hoje em dia já passa desapercebido...

É um filme obrigatório, pois inaugura o dito Cinema Novo e nos ajuda a entender a constituição imagética das figuras cariocas mostrando como essa "escola" inicia suas experimentações em busca da linguagem de um cinema social "preocupado com o povo". Sem contar que o final é lindo...

O RJ é cheio de significações na arte e para mim Rio "40 Graus" foi a mais encantora, pelo poder de sintetizar o horror e a beleza de um lugar carregado de encantos e armadilhas.

Antes de Glauber vem Nelson, não esqueçam!

Antônio Pitanga devastando sonhos em "Câncer" (1968) de Glauber Rocha.

"Para o observador europeu os processos de criação artística do mundo subdesenvolvido só interessam na medida que satisfazem sua nostalgia do primitivismo; e este primitivismo se apresenta híbrido, disfarçado sob as tardias heranças do mundo civilizado, heranças mal compreendidas, porque impostas pelos condicionamentos colonialistas. A América Latina, inegavelmente, permanece colônia, e o que diferencia o colonialismo de ontem do atual é apenas a forma aprimorada do colonizador(...)A fome latina, por isto, não é somente um sistema alarmante: é o nervo da sua própria sociedade. Aí que reside a trágica originalidade do Cinema Novo diante do cinema mundial: nossa originalidade é nossa fome e nossa maior miséria é que esta fome, sendo sentida, não é compreendida(...)Para o europeu, é um estranho surrealismo tropical. Para o brasileiro, é uma vergonha nacional. Ele não come, mas tem vergonha de dizer isto; e sobretudo, não sabe de onde vem esta fome. Sabemos nós - que fizemos estes filmes feios e tristes, estes filmes gritados e desesperados onde nem sempre a razão falou mais alto, - que a fome não era curada pelos planejamentos de gabinete e que os remendos do tecnicolor não escondem, mais agravam os seus tumores".
Glauber Rocha

FOGO MORTO: PAISAGEM SONORA DE UM NORDESTE DECADENTE.





Personagens consistentes, força na interpretação e comoção plena.

Faz um bom tempo que circulo em torno de "Fogo Morto" para assistí-lo e apreciar a delícia da bela adaptação de Mário Farias à obra de José Lins do Rêgo. Me senti preparado depois da leitura da dissertação de Leonardo Vieira: "Música dos Espaços: Paisagem Sonora do Nordeste no Movimento Armorial" que trouxe uma infinidade de esclarecimentos em torno do debate promovido por Durval Muniz em "A Invenção do Nordeste" deixando para mim uma noção mais sólida da audibilidade e espacialidade construída discursivamente em torno do que hoje chamamos de Nordeste.

Envolvidos pelas rabecas e violas armoriais, somos absorvidos por um cenário seco, quente e cheio de tristeza...um Nordeste em decadência absoluta no final do século XIX que através da literatura e do cinema procuram garantir seu espaço de visibilidade para não cair no esquecimento e ser tragado pela modernidade, a predominância da sinfonia da Orquestra Armorial vem na finalidade de construir um ritornello (território fechado)e impedir que nossos olhos desviem para outros espaços. Mário Farias busca a conservação do Nordeste através do cinema, pois a imagem é um elemento cristalizador eficaz juntamente com a sonoridade estratégica da orquestra.

Belo exemplo de manuntenção das tradições...o filme é forte, celebrativo de um momento de crítico da colônia, o seu fim, o seu declínio. Othon Bastos e Jofre Soares nos amarram até o último segundo com um elenco que trabalha de modo verdadeiro, representando para nós um período marcado pela decepção e a não aceitação das mudanças históricas.

Um mergulho no romantismo, na exaltação de um passado que não volta...e a espera do fim...pois Mário Farias e José Lins do Rêgo deixam claro que happy-end num Brasil como aquele (e esse!) não passa de uma fuga vazia...

Vale a pena assistir!

quarta-feira, 29 de agosto de 2007






A produção do cinema udigrudi é rica seguindo muitas vezes esse aspecto niilista, “Meteorango Kid” é um dos muitos exemplos do mal-estar cinematográfico brasileiro, feita na curtição de um jovem (Lula) de classe média deslocado de sua realidade e sem nenhuma perspectiva social, mostra completo desinteresse em mudar seu meio, apenas se preocupa em delirar no seu mundo fantasioso de super-heróis, dos quadrinhos, dos discos voadores, fumar maconha com os amigos e caminhar pelos espaços vazios da Bahia, na paranóia panóptica de ser preso por um policial imaginário.

Vale a pena conferir esse cássico pós-"Bandido da Luz Vermelha" e relembrar os bons momentos do verdadeiro cinema brasileiro...

MAPEANDO OS ODORES E OS EXCESSOS DO CENTRO




Foi realizado por Meire Fernandes e Aristides Oliveira em Belém (09 a 13 de julho de 2007) na programação do SBPC Cultural a exposição "Mapeando os Odores e os Excessos do Centro", sob a curadoria da fotógrafa Maria Cristina.
O trabalho se baseou em fotografias de Teresina a partir do olhar fragmentado das concepções visíveis da identidade clichê criada pelo discurso urbanístico de uma cidade "verde" e homogênea, buscamos olhar voltado a partir de um pensamento reflexivo do que seria os lugares e não lugares da cidade, trabalhando também com a idéia de que lugar é um espaço praticado no cotidiano.

Realizado através da apropriação poética de "Inventário de um Feudalismo Cultural", venho através desse experimento dialogar com Jomard Muniz de Britto e Matmos a condição do que nós somos a partir do que nós comemos, fazendo referência a um delírio do Ser carnívoro, vivendo um manifesto de tabela, ao lado de vegetarianos fundamentalistas que condenam a espera da morte alimentar...


Na tentativa voraz de se antenar às novas mídias, este blog inicia...

CINEMA: EXPERIÊNCIAS E ATAQUES...

Aqui você será testemunha do melhor conteúdo de filmes experimentais fora dos pacotões teleológicos de hollywood e do lamentável cinema brasileiro contemporâneo, aqui temos panfletos e buscas...vale a pena!